quinta-feira, 21 de março de 2013

Alabê Ôni

Alabê Ôni é um grupo percussivo, de raiz africana no sangue, na cultura e na espiritualidade, que se reuniu pra agregar as manifestações dos tambores que tocam historicamente no território que se reconhece politicamente como sendo o Estado do Rio Grande do Sul.

Alabê Ôni é também na língua yorubá uma expressão que significa "nobre tamboreiro" ou "grande mestre dos tambores" - acima de tudo, uma homenagem dos músicos Richard Serraria, Pingo Borel, Mimmo Ferreira e Kako Xavier à ancestralidade assaltada da África e que resistiu por séculos em terras distantes.


No Rio Grande do Sul, é possível entender bem essa história através do documentário em longa-metragem O Grande Tambor, produzido pelo Coletivo Catarse e que teve Richard Serraria também assinando a trilha sonora (juntamente com Lucas Kinoshita e Marcelo Cougo). "O Alabê Ôni é de certo modo uma continuação de O Grande Tambor. Nosso personagem principal é o Sopapo, matriz do samba gaúcho, que agora também conta com outros elementos pra expor sua contribuição nos toques da religiosidade afrodescendente e se encontra com o maçambique e o quicumbi do nosso litoral e ainda com o candombe  de uma terra em que a fronteira é apenas imaginária e o território se confunde, como se vê em Santana do Livramento-Rivera" - segundo Serraria, enquanto conversa sobre os planos para os próximos dois anos.

Depois de uma rápida e marcante passagem pelo Brasil Rural Contemporâneo, em palco montado no Rio de Janeiro em novembro de 2012, este grupo recém-formado se apresentou em Porto Alegre e Pelotas e já se prepara para 2 anos de uma turnê que passará por todos os estados do Brasil. Um projeto de 60 shows no norte e nordeste, em 2013, e outros 60 no sul, sudeste e centro-oeste, em 2014, que ecoará o grave do Tambor de Sopapo e que promete mostrar a todo o país, afinal, a matriz africana da cultura rio-grandense, tão escondida pelas teorias do positivismo, que teimou insistentemente em vender a figura de um gaúcho branco e viril. Alabê Ôni afirma que o Tambor de Sopapo e os outros tambores de outros toques negros estão intrinsecamente ligados à história do Rio Grande do Sul e são, sem sombra de dúvida, legítimas manifestações culturais emanadas do chão e do sangue derramado neste estado.

O grupo Alabê Ôni, pelas mãos desses músicos que o compõem, está aí pra explicitar isso, pela ecleticidade que isso tudo envolve e pela importância de uma religiosidade que aflora no rufar dos tambores. E o Coletivo Catarse está inserido nesta empreitada com a produção do DVD que vai acompanhar o grupo na turnê nacional, com gravações marcadas para março e finalização em meados de abril. Um trabalho que já se iniciou em janeiro deste ano, com a gravação de seis faixas (Adarun, Aré Bará, Milongón, Glefê - Giba Gigante Negão, Cantos de Maçambique, No Meio da Praça e Alabê) no estúdio A Vapor, em Pelotas e com a mixagem, agora, em fevereiro, também em Pelotas e ainda Porto Alegre (Tamborearte). O material de áudio segue em breve para São Paulo onde será procedida a masterização no Centro Cultural Cachoeira (via Gustavo Breier) e o lançamento deve ocorrer em maio próximo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Maravilha de projeto. Aguardarei informações dos acontecimentos... Muito sucesso por aí, iluminando nosso país com a Arte de todos vocês.
Parabéns, estamos JUNTOS!
Rosane Scherer
Movimento Fala Brasil 100% Cultura
www.falabrasilcultura.wordpress.com